Toda crise é iniciada a partir de fatos concretos. O rumo que eles vão tomando no desenrolar dos acontecimentos depende da ação dos atores e dos interesses em jogo.
1 – O tucano Pedro Parente conduziu o Brasil para mais um desastre. O “grande” executivo geriu a Petrobras preocupado apenas em proteger a empresa e seus acionistas das variações do preço do petróleo no mercado internacional.
2 – Descolado de qualquer projeto de nação, Parente deu uma banana ao país e decidiu repassar para os operadores e consumidores as variações dos preços, sem qualquer responsabilidade, planejamento ou estratégia.
3 – Com os preços variando muito em um único mês, uma brutal instabilidade tomou conta do mercado de combustíveis e transportes, com forte impacto na economia.
4 – A política de preços da Petrobras é uma questão de Estado. A empresa não tem que necessariamente assumir os riscos das flutuações. Mas o bom senso indica que a companhia estabeleça uma previsibilidade mínima nos reajustes, orientando o mercado e os contratos que serão firmados para a possível volatilidade embutida.
5 – A lógica irresponsável de soluços e instabilidade permanente desarrumou a economia nacional e isolou o governo. Caminhoneiros, contratantes, transportadoras, distribuidoras, consumidores, enfim, um isolamento fantástico que entrará para os anais da estupidez econômica e política.
6 – A desorganização abriu margem para todo tipo de oportunistas, afundando ainda mais a economia. Preços dispararam, a sensação de descontrole bateu no teto trazendo mais insegurança para uma população saturada de sustos.
7 – Foi a pá de cal no esquálido governo Temer. O presidente nunca esteve tão “na mão” de Raquel Dodge. Se a PGR apresentar a terceira denúncia, dificilmente resistirá.
8 – A política alvejada pela Lava Jato, o executivo e o legislativo acuados, o desemprego batendo recordes e as projeções econômicas sendo refeitas para baixo. Agregue a isso uma crise com o setor de combustíveis/transportes. Temos um país paralisado e à deriva.
9 – A Globo faz ampla cobertura do movimento com uma linha política clara. Joga Temer aos leões, insufla a população e tenta preservar Parente. O responsável pelo caos é o fiel representante dos interesses antinacionais na empresa.
10 – A direita continua sem candidato. Alckmin, sócio do golpe e do desastre, patina nas pesquisas. Rodrigo Maia tem claros limites eleitorais. Flávio Rocha e Amoedo não tem expressão. Álvaro Dias é o “novo botox” circunscrito ao Paraná. Meirelles carrega o caixão do Planalto. Sobra apenas Bolsonaro, que lidera as pesquisas na ausência de Lula.
11 – Febre de quarenta graus pode ocasionar convulsão. Um antitérmico padrão não basta. O agravamento da crise joga o país novamente para os pólos. O candidato “anti-establishment”, que surfa na negação da política pela extrema direita, sai fortalecido. O PT, que também aposta na radicalização, ganha pontos em sua estratégia.
12 – O mercado vai aderir ao Capitão? Rodrigo Maia irá finalmente embarcar no projeto da Globo de derrubar Temer? A PGR apresentará a terceira denúncia? A queda de Temer teria que desfecho? Há risco real de uma intervenção judicial-militar com o adiamento das eleições?
13 – Se a esquerda continua dividida enfrentando dificuldades, é fato que a direita também continua perdida. O movimento dos caminhoneiros acendeu o alerta máximo, na sociedade e na direita. “Algo” precisa ser feito. Nervos à flor da pele exigem “decisão e radicalidade”.
População anestesiada, desempregada e cada vez mais indignada com a política. A direita encurralada, com um golpe fracassado nas mãos e sem conseguir encontrar saídas plausíveis pelo caminho do voto.
É bom colocar as barbas de molho, conversar muito com o povo e evitar arroubos. O momento é de grande instabilidade e incerteza. Uma coisa apenas é certa: o jogo da direita ainda não está jogado. Vêm cartas novas por aí.
Fonte: Blog do Esmael
7 perguntas sobre o mercado de combustíveis no Brasil
A greve de caminhoneiros e o consequente desabastecimento de uma série de produtos no Brasil colocaram o preço dos combustíveis fósseis no centro do debate público nacional. Nos últimos doze meses, segundo dados da ANP (Agência Nacional do Petróleo), o preço médio da gasolina no país aumentou 18%. O diesel, que abastece os caminhões, aumentou 19%. A recente alta tem dois motivos principais: o aumento do preço do petróleo no mercado internacional e a valorização do dólar na comparação com o real. Isso só acontece porque a Petrobras, desde 2016, atrela o preço dos combustíveis derivados do petróleo aqui no Brasil ao mercado internacional. Em sete perguntas, o Nexo explica como funciona o mercado de combustíveis no Brasil e as diferenças da política atual para a adotada no governo Dilma Rousseff.
1. O Brasil produz todo o seu petróleo?
O Brasil é o nono maior produtor de petróleo do mundo, segundo dados de 2017 da EIA (U.S. Energy Information Administration , agência de informações energéticas do governo americano). Mas isso não quer dizer que o país não dependa do mercado externo. São dois os motivos principais. O primeiro é que parte do petróleo extraído no Brasil é considerado pesado, difícil e caro para o refino que produz combustíveis. Isso significa que o país vende parte de seu petróleo para fora e compra o petróleo mais apropriado para o refino do exterior. Além disso, o país não tem capacidade instalada suficiente para a produção de todo o combustível de que necessita - e precisa comprar uma pequena parte já pronta de outros países.
2. Como é definido o preço dos combustíveis no Brasil?
Na teoria, o mercado de combustíveis no Brasil é livre e as empresas definem seus preços sem a interferência do governo. Acontece que a Petrobras domina o mercado de refino, apesar de não existir monopólio formal e a entrada de outras empresas ser liberada desde a década de 1990. Como a Petrobras atua praticamente sozinha, o preço definido por ela é a base para todo o mercado de combustíveis fósseis no país. Das refinarias, os combustíveis passam ainda pelas distribuidoras e pelos postos. Nesses dois estágios, o setor privado atua fortemente e é livre para definir seus preços. O poder da Petrobras está na base do mercado.
3. Qual a influência do governo na Petrobras?
A Petrobras é uma empresa de capital misto, parte é do governo e parte é privada, e tem suas ações negociadas na bolsa de valores. Só que o governo é o acionista majoritário, tem 50,26% das ações que dão direito a voto. Consequentemente, tem o poder de indicar membros suficientes para controlar o conselho de administração, colegiado que toma as decisões mais importantes da empresa. Em determinados momentos, o governo foi acusado de usar essa influência para usar a empresa politicamente. Isso gerou reclamações dos acionistas minoritários, que não têm poder para contestar as decisões dos representantes da União.
4. Qual a política do atual governo?
Uma das primeiras medidas de Michel Temer quando assumiu a Presidência da República em 2016 foi dar autonomia para a direção da Petrobras para que escolhesse a política de preços da empresa. Pedro Parente, escolhido como presidente da estatal, definiu que o preço dos combustível vendido nas refinarias variaria de acordo com o mercado internacional. Os preços podem variar várias vezes na mesma semana, para cima ou para baixo, de acordo com a cotação no mercado internacional. Seguindo essa regra, a Petrobras não tem prejuízo no comércio exterior - já que a empresa compra e vende petróleo e derivados.
5. Qual era a política do governo anterior?
A política é bem diferente da implantada durante o governo Dilma Rousseff. A ex-presidente chegou a dizer que não havia uma “lei divina” que obrigasse que o preço interno seguisse o mercado internacional. A política de Dilma tinha como objetivo incentivar a economia nacional e controlar artificialmente a inflação. Com isso, o governo segurou os combustíveis em um patamar baixo, mas causou prejuízos à Petrobras. Durante a campanha pela reeleição, questionada sobre a demanda da empresa por um aumento nos preços, a então presidente disse que o pedido era legítimo, mas que havia “202 milhões de acionistas”, em referência à população brasileira. Após a eleição de 2014, porém, justamente no momento em que o petróleo tinha forte queda no mercado internacional, os combustíveis tiveram alta no Brasil.
6. A pressão dos caminhoneiros mudou a atual política da Petrobras?
Pedro Parente foi colocado na Petrobras como símbolo de uma gestão que seria desvinculada da interferência política e que pensaria no lucro dos acionistas. Desde sua posse, as ações da empresa subiram 143%, sinal de que os investidores confiam que ele é capaz de fazer a empresa ser rentável para seus acionistas (incluindo o governo federal). Na quarta-feira (23), sob pressão da greve dos caminhoneiros, o presidente da Petrobras anunciou uma redução no preço dos combustíveis, além de uma suspensão de novos reajustes por 15 dias. Depois, para chegar a um acordo a fim de suspender a paralisação, o governo se comprometeu na quinta-feira (24) a subsidiar essa redução por pelo menos um mês. Apesar de Parente ter repetido que isso não significava uma mudança na política de preços, o anúncio foi visto como um sinal de que os interesses da empresa estavam sendo deixados em segundo plano. A diretoria teria, em parte, cedido a pressões políticas. No dia seguinte, as ações caíram quase 14%.
7. Qual a composição do preço da gasolina?
Um litro de gasolina na refinaria custa R$ 2,03, menos da metade do preço médio aferido pela ANP nos postos de todo o país. O preço final engloba ainda os custos entre sair da refinaria e chegar na bomba, além dos tributos. Segundo dados da própria Petrobras, apenas um terço do valor final de cada litro de combustível é para a produção e refino. Os tributos representam 45% do valor - 29% é o ICMS, estadual. Os custos de distribuição e revenda representam 9%. Os impostos sobre os combustíveis motivam críticas dos dois lados do espectro político. De um lado, políticos e economistas mais liberais reclamam da alta carga tributária. Do outro, quem é mais ligado à esquerda acredita que ao tributar os combustíveis, e não a renda da população, o governo está encarecendo a produção e o consumo. Isso significaria uma carga maior sobre os mais pobres.
Fonte: NEXO JORNAL
7 perguntas sobre o mercado de combustíveis no Brasil
A greve de caminhoneiros e o consequente desabastecimento de uma série de produtos no Brasil colocaram o preço dos combustíveis fósseis no centro do debate público nacional. Nos últimos doze meses, segundo dados da ANP (Agência Nacional do Petróleo), o preço médio da gasolina no país aumentou 18%. O diesel, que abastece os caminhões, aumentou 19%. A recente alta tem dois motivos principais: o aumento do preço do petróleo no mercado internacional e a valorização do dólar na comparação com o real. Isso só acontece porque a Petrobras, desde 2016, atrela o preço dos combustíveis derivados do petróleo aqui no Brasil ao mercado internacional. Em sete perguntas, o Nexo explica como funciona o mercado de combustíveis no Brasil e as diferenças da política atual para a adotada no governo Dilma Rousseff.
1. O Brasil produz todo o seu petróleo?
O Brasil é o nono maior produtor de petróleo do mundo, segundo dados de 2017 da EIA (U.S. Energy Information Administration , agência de informações energéticas do governo americano). Mas isso não quer dizer que o país não dependa do mercado externo. São dois os motivos principais. O primeiro é que parte do petróleo extraído no Brasil é considerado pesado, difícil e caro para o refino que produz combustíveis. Isso significa que o país vende parte de seu petróleo para fora e compra o petróleo mais apropriado para o refino do exterior. Além disso, o país não tem capacidade instalada suficiente para a produção de todo o combustível de que necessita - e precisa comprar uma pequena parte já pronta de outros países.
2. Como é definido o preço dos combustíveis no Brasil?
Na teoria, o mercado de combustíveis no Brasil é livre e as empresas definem seus preços sem a interferência do governo. Acontece que a Petrobras domina o mercado de refino, apesar de não existir monopólio formal e a entrada de outras empresas ser liberada desde a década de 1990. Como a Petrobras atua praticamente sozinha, o preço definido por ela é a base para todo o mercado de combustíveis fósseis no país. Das refinarias, os combustíveis passam ainda pelas distribuidoras e pelos postos. Nesses dois estágios, o setor privado atua fortemente e é livre para definir seus preços. O poder da Petrobras está na base do mercado.
3. Qual a influência do governo na Petrobras?
A Petrobras é uma empresa de capital misto, parte é do governo e parte é privada, e tem suas ações negociadas na bolsa de valores. Só que o governo é o acionista majoritário, tem 50,26% das ações que dão direito a voto. Consequentemente, tem o poder de indicar membros suficientes para controlar o conselho de administração, colegiado que toma as decisões mais importantes da empresa. Em determinados momentos, o governo foi acusado de usar essa influência para usar a empresa politicamente. Isso gerou reclamações dos acionistas minoritários, que não têm poder para contestar as decisões dos representantes da União.
4. Qual a política do atual governo?
Uma das primeiras medidas de Michel Temer quando assumiu a Presidência da República em 2016 foi dar autonomia para a direção da Petrobras para que escolhesse a política de preços da empresa. Pedro Parente, escolhido como presidente da estatal, definiu que o preço dos combustível vendido nas refinarias variaria de acordo com o mercado internacional. Os preços podem variar várias vezes na mesma semana, para cima ou para baixo, de acordo com a cotação no mercado internacional. Seguindo essa regra, a Petrobras não tem prejuízo no comércio exterior - já que a empresa compra e vende petróleo e derivados.
5. Qual era a política do governo anterior?
A política é bem diferente da implantada durante o governo Dilma Rousseff. A ex-presidente chegou a dizer que não havia uma “lei divina” que obrigasse que o preço interno seguisse o mercado internacional. A política de Dilma tinha como objetivo incentivar a economia nacional e controlar artificialmente a inflação. Com isso, o governo segurou os combustíveis em um patamar baixo, mas causou prejuízos à Petrobras. Durante a campanha pela reeleição, questionada sobre a demanda da empresa por um aumento nos preços, a então presidente disse que o pedido era legítimo, mas que havia “202 milhões de acionistas”, em referência à população brasileira. Após a eleição de 2014, porém, justamente no momento em que o petróleo tinha forte queda no mercado internacional, os combustíveis tiveram alta no Brasil.
6. A pressão dos caminhoneiros mudou a atual política da Petrobras?
Pedro Parente foi colocado na Petrobras como símbolo de uma gestão que seria desvinculada da interferência política e que pensaria no lucro dos acionistas. Desde sua posse, as ações da empresa subiram 143%, sinal de que os investidores confiam que ele é capaz de fazer a empresa ser rentável para seus acionistas (incluindo o governo federal). Na quarta-feira (23), sob pressão da greve dos caminhoneiros, o presidente da Petrobras anunciou uma redução no preço dos combustíveis, além de uma suspensão de novos reajustes por 15 dias. Depois, para chegar a um acordo a fim de suspender a paralisação, o governo se comprometeu na quinta-feira (24) a subsidiar essa redução por pelo menos um mês. Apesar de Parente ter repetido que isso não significava uma mudança na política de preços, o anúncio foi visto como um sinal de que os interesses da empresa estavam sendo deixados em segundo plano. A diretoria teria, em parte, cedido a pressões políticas. No dia seguinte, as ações caíram quase 14%.
7. Qual a composição do preço da gasolina?
Um litro de gasolina na refinaria custa R$ 2,03, menos da metade do preço médio aferido pela ANP nos postos de todo o país. O preço final engloba ainda os custos entre sair da refinaria e chegar na bomba, além dos tributos. Segundo dados da própria Petrobras, apenas um terço do valor final de cada litro de combustível é para a produção e refino. Os tributos representam 45% do valor - 29% é o ICMS, estadual. Os custos de distribuição e revenda representam 9%. Os impostos sobre os combustíveis motivam críticas dos dois lados do espectro político. De um lado, políticos e economistas mais liberais reclamam da alta carga tributária. Do outro, quem é mais ligado à esquerda acredita que ao tributar os combustíveis, e não a renda da população, o governo está encarecendo a produção e o consumo. Isso significaria uma carga maior sobre os mais pobres.
Fonte: NEXO JORNAL
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