A Associação Nacional de Medicina do Trabalho (ANAMT) vem a público repudiar a declaração na qual Edson Arantes do Nascimento, o Pelé, banaliza as vidas perdidas em decorrência de acidentes de trabalho nas obras da Copa do Mundo de 2014, a realizar-se no Brasil. Ao classificar a morte de um operário como “normal, coisas da vida, nada que assuste”, o ex-jogador, além de ofender as famílias em luto, fere o direito pelo qual a ANAMT vem lutando, há 46 anos, para legitimar: a garantia da vida, da saúde e da segurança do trabalhador.
Em março, o operário Fabio Hamilton da Cruz morreu após cair de uma altura — calculada pelo Corpo de Bombeiros — de 15 de metros, durante a instalação das arquibancadas provisórias da Arena Corinthians, em São Paulo. Foi a terceira vida perdida na construção desse estádio e a sétima vítima fatal de acidentes de trabalho nas obras da Copa, segundo os números oficialmente divulgados. A ANAMT trabalha para conscientizar a sociedade brasileira, e os empregadores de modo particular, sobre a responsabilidade destes em garantir condições de trabalho seguras e saudáveis, conforme preconizam os organismos internacionais de defesa da saúde e do trabalho digno e decente, como a Organização Mundial da Saúde (OMS) e a Organização Internacional de Trabalho (OIT).
A declaração diminui o peso dos 177 trabalhadores que perderam a vida em canteiros de obra, segundo o último levantamento feito pela Previdência Social, que classifica o setor como o segundo maior responsável por acidentes fatais no ambiente de trabalho no Brasil.
É necessário um esforço conjunto para não desqualificar o ocorrido e reduzir a zero o número de acidentes, que é o mínimo que defendemos. Como embaixador da Copa do Mundo no Brasil, evento de grande magnitude, e pessoa pública de grande influência, Pelé presta um desserviço ao trabalho desenvolvido pela promoção da saúde e segurança laboral por diversas entidades e órgãos públicos no país e em todo o mundo.
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